INDIGNAÇÃO

Jamais podemos perder a capacidade de nos indignar. Segundo o dicionário, indignação é “sentimento de fúria ou desprezo, geralmente provocado por algo considerado ofensivo, injusto ou incorreto.”

Esse é um sentimento divino. Deus também se indigna com aquilo que é “ofensivo, injusto ou incorreto”. Ele se opõe ao malfeito. A Bíblia está cheia de registros da ira santa de Deus contra abusos, injustiças e opressão. Então, à primeira vista, toda indignação é válida. Mas não é bem assim.

Vejo com muita preocupação que muitos dos meus irmãos se expressam indignados o tempo inteiro nas mídias sociais, mas quase sempre pelos motivos errados. Acompanho indignação movida por ideologia, política partidária, paixão futebolística, preferências pessoais. Não que elas sejam necessariamente ilegítimas.

O ponto é que os cristãos que querem agir e sentir como Deus devem se irar pelas razões que Ele se ira. A voz dos profetas, volta e meia citada como justificativa para a atual indignação seletiva de alguns, era contextual, histórica e real. Mas nunca se prestava a qualquer ideologia ou preferência política. Ela se reportava, invariavelmente, a uma razão só: o abandono a Deus e à sua Lei. O que irava o profeta e o fazia denunciar mazelas sociais, relacionais e políticas não eram as intrigas da corte, mas o pecado do povo.

Quanto a isso, ainda aguardo para ver os mesmos amigos (cristãos) que se digladiam pelas redes sociais expor sua indignação e ira pelas verdadeiras razões que justificam esse sentimento. Não vejo nenhuma menção bíblica apoiando suas intervenções. Não há essa preocupação. Ninguém fala por Deus (como era o caso dos profetas). Falam por si mesmos e por suas toscas convicções humanas (isso vale para todos os lados).

Não seria hora de repensar nossa atuação como “luzeiros no mundo, no meio de uma geração pervertida e corrupta”? Pense nisso quando compartilhar seu próximo post.

“Indignação”, in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [on line], 2008-2013, [consultado em 24-01-2018].